quinta-feira, 7 de abril de 2011

Eu, mãe?

Desde que comecei um relacionamento verdadeiramente sério, eu sempre pensei em ter filhos. Sempre imaginei que eu seria uma mãe chique, com um carrinho de bebê lindo e moderno, e claro, eu usaria scarpins lindíssimos e teria um corte de cabelo ultra moderno. Óbvio, que além disso, eu seria um poço de experiência e sabedoria, e conheceria mil e uma maneiras de se educar uma criança (não preciso mencionar que essa sabedoria seria advinda de leituras a respeito do assunto e muitas conversas com a minha mãe). Enfim, como deixei transparecer no último post, estou grávida.

Acho desnecessário dizer que eu nao sou chique, nao tenho dinheiro para comprar um carrinho de bebê lindo e moderno e não gosto muito de scarpins. A única coisa que tenho de fato é um corte de cabelo ultra moderno. E só. Porque nem convém mencionar que passo longe de dominar técnicas de como se educar uma criança, e o meu nível de sabedoria a respeito desse assunto é zero.

Mas o que me chamou a atenção é que a gente não sabe quando realmente se torna mãe. Sim, desde o dia em que descobri minha gravidez tenho tentado me acostumar com a ideia de que minha vida como eu conheço está para mudar (na verdade, já mudou contando que eu não consigo mais dormir à noite, passo o dia com sono e a sensação de enjoo não vai embora nunca). E juro, que acima de tudo tenho tentado com toda a força do meu ser, não desesperar. Porque é uma nova vida. Um serzinho que a princípio dependerá de mim para tudo, e eu serei um exemplo para ele/ela.

É. Essa parte do exemplo realmente assusta. Mas não é isso que eu quero dizer. O que eu quero dizer é: que tipo de mãe eu serei? Que tipo de filho o meu filho vai ser? A que tipo de coisas e acontecimentos ele estará sujeito?

Eu sei, eu sei. Essas são questões que só ao tempo cabe responder. O que me chocou é que hoje, ao acompanhar pela televisão a tragédia naquela escola no Rio, me dei conta de que me senti solidária àquelas mães. Chorei junto com elas. E mais que isso: eu me coloquei no lugar delas. E se fosse o meu filho lá? Perdi a conta de quantas vezes me fiz essa pergunta hoje. Não consigo conceber a ideia de mandar meu filho para uma escola (uma instituição particularmente cara para mim, já que sou futura professora), um local onde ele vai aprender muitas coisas, um lugar seguro mesmo, e pensar que ele pode sair de lá ferido, traumatizado ou mesmo morto.

Se fosse em outros tempos, eu olharia também para o lado do assassino. Tentaria, antes de julgá-lo, entender (talvez não aceitar, mas entender) as suas razões e a sua história. Para minha surpresa, eu entendi que não importa se você possui um carrinho de bebê caro e chique, ou se você tem uma conta bancária gorda. O que importa de verdade é se o seu filho está bem, nesta ou em qualquer outra circustância.

Muita gente diz que quando a mulher fica grávida, ela se transforma. Erroneamente, até ontem eu afirmei que essa ideia não correspondia à verdade. Mas hoje eu venho aqui afirmar que, graças a este triste fato no Rio, eu me tornei mãe de verdade, porque me coloquei no lugar daquelas mães, que considero de agora em diante, verdadeiras heroínas. Porque são elas que vão tentar confortar seus filhos, fazê-los entender tudo o que aconteceu, mesmo que elas mesmas não tenham entendido direito. São elas que vão segurar as pontas e tocar o barco, por pior que isso possa parecer neste momento.

Para concluir, quero dizer novamente, que a gente nunca sabe em que momento se tornará mãe mesmo. Para mim, não foi preciso esperar ouvir o coraçãozinho do meu bebê, ou mesmo olhá-lo nos olhos. Ele já é para mim, a coisinha mais importante do mundo (com ou sem scarpins e companhia).

Del faz 75!

Domingo de preguiça por aqui... Voltamos de Araguari, os pequenos e eu, para passarmos o final de semana com o papai. Os meninos sentem...